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A atuação em parto domiciliar

por | 22/04/2020

Com a presença da Pandemia do Covid-19 é real o aumento na procura de gestantes e casais por equipes que atendam Parto Domiciliar Planejado (PDP) e é natural que essa procura acenda nos profissionais de saúde o desejo de atender neste modelo. No entanto, é necessário que sejam tomados alguns cuidados para garantir a segurança da mãe e do bebê e resguardar o modelo de assistência que a duras penas tem sobrevivido no País. Por mais experiência que se tenha em hospitais, quando um profissional se propõe a assistir uma família em seu domicílio é fundamental que tenha ciência das diferenças no acompanhamento em cada um dos modelos.

Quem atende parto em casa?

Normalmente quem presta esse tipo de assistência são Enfermeiras Obstetras/Obstetrizes (Parteiras) visto que o COFEN/COREN (Conselho Federal e Regional de Enfermagem) não contra indica nossa atuação. Já o CFM/CRM (Conselho Federal e Regional de Medicina) não recomendam que os profissionais médicos atuem no parto domiciliar planejado (PDP), porém não proíbem que os profissionais da medicina que se sentem aptos a isso atendam em casa. Mas atender o parto em casa não é tão simples quanto parece.

O parto assistido em casa deve ser atendido por equipes capacitadas, com treinamento e experiência no atendimento de urgências e emergências obstétricas. É necessário um planejamento bem rigoroso e uma conscientização da gestante, dos casais e das famílias quanto ao que implica ter um parto em casa. Uma das primícias desse atendimento é que a gestante tenha tido uma gestação de baixo risco, e entendemos que o risco obstétrico pode aparecer em qualquer momento da gestação incluindo o trabalho de parto. Sempre, em qualquer momento que o risco for identificado, essa assistência deve passar a ser hospitalar. Então os planos B e C do parto domiciliar devem estar muito bem estabelecidos.

Por outro lado, ter uma equipe de parto em casa com experiência pode também evitar intervenções desnecessárias, como por exemplo a transferência para o hospital sem necessidade real. A transferência de um parto domiciliar pode acontecer em qualquer momento no trabalho de parto, porém é muito importante que ela seja indicada de forma certeira, precisa e oportuna para que não seja gerado nem incertezas e muito menos inseguranças para a mulher/casal. Realizar uma transferência sem real necessidade pode acarretar frustração e insatisfação por parte das famílias assistidas.

Então, aqui vão algumas dicas para equipes que queiram começar atender parto em casa

10 dicas para atender parto em casa

Tenha materiais de parto para assegurar a assistência segura. A mala da parteira é enorme, entre alguns equipamentos estão: Sonar, Torpedo de Oxigênio, Reanimador neonatal, Banqueta de parto, Local para aquecer os panos que são colocados no bebê, Soro fisiológico, ringer lactato, material de punção venosa, entre outros.

  1. Saiba atender urgências/emergências obstétricas e neonatais – ter o passo a passo dos atendimentos desenhados na cabeça e se possível e fluxograma dentro da mala de parto ajuda muito.2. Faça treinamento mensal com a equipe para atendimentos de hemorragia pós parto, distócia de ombro e reanimação neonatal. Lembre-se que é necessário saber puncionar acesso venoso, administrar medicação IM e IV, saber fazer Ventilação Positiva – VPP e massagem cardíaca em recém-nascido.3. Ter o telefone do SAMU ou da ambulância da cidade para possíveis transferências é muito importante. Saiba qual o Hospital mais perto da casa da mulher: ele deve estar localizado no máximo há 15min de distância.

    4. Esteja preparado para as críticas dos profissionais do hospital em caso de transferência.

    5.Se possível, tenha um plano de transferência seguro (equipe médica privada que possa ser acionada e que vá junto para o hospital, caso a mulher tenha um plano de saúde e a transferência seja para hospital privado).

    6. Não aceite atender o parto de quem você não conhece direito ou que não tenha passado pelo menos por 4 consultas de pré-natal com a equipe. O ideal é que o atendimento pré-natal da gestante inicie no máximo até 35 semanas de gestação.

    7. Tenha um TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) contendo o passo a passo do PDP além de todas as intercorrências que podem acontecer nesse modelo de atendimento. O casal precisa assinar esse termo e a equipe também, além de um contrato de prestação de serviço que contemplo direitos e deveres de ambas as partes.

    8. Tenha uma equipe backup ou um plano backup caso a equipe tenha um intercorrência e não consiga ir para o atendimento do parto.

    9. Atenda apenas mulheres realmente de baixo risco: não abra exceção.

    10. Se possível se una a alguém que tenha um pouco mais de experiência no atendimento de PDP ou tenha alguém que possa acionar em caso de dúvidas.

 

Karina Fernandes Trevisan é formada em enfermagem obstétrica pela Unifesp, mestre em saúde materno infantil e doutora em cuidados em saúde, ambas pela USP.

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