fbpx
(11) 2295-0039 / Whatsapp: (11) 9.9338-9265 / contato@commadre.com.br

Tudo que você sempre quis saber sobre coletor menstrual

por | 19/06/2017

O coletor menstrual, chamado carinhosamente por muitas mulheres de “copinho” é bastante usado nos Estados Unidos e na Europa e por aqui já ganhou o coração de muitas de nós. Fácil de usar, bom para a saúde e para o planeta, o copinho é produzido com um silicone atóxico que se molda à vagina e coleta o sangue menstrual, substituindo os absorventes descartáveis.
Como o sangue é coletado diretamente, sem que tenha contato com o ar e nem com as substâncias químicas presentes nos absorventes, seu uso não causa odor desagradável e reduz, ainda, o risco de infecções e alergias. Segundo pesquisa realizada pela Inciclo, uma das fabricantes nacionais do produto, 60.7% das mulheres que sofriam de candidíase relataram melhora com o uso. Além disso, como não contém nenhum material absorvente, o coletor preserva a umidade natural da vagina, evitando o ressecamento – bastante comum nos absorventes internos que absorvem não apenas o sangue, mas a umidade natural do corpo prejudicando nossa saúde íntima.
Um outro benefício muito bacana que muitas mulheres relatam é que o copinho ajudou a desenvolver mais intimidade. “Usar o coletor te proporciona conhecer seu próprio corpo, sem frescura, sem problemas”, conta Gabriele Miranda, Obstetriz que adotou o copinho e conta seu relato aqui no final desse texto. <3
Além dos benefícios para a saúde, o produto traz um forte apelo sustentável uma vez que durante a vida, pasmem, cada mulher utiliza aproximadamente 10 mil absorventes. O coletor, por sua vez, tem uma vida útil de até 10 anos, variando conforme a higienização feita no produto e o PH vaginal de cada mulher, sendo seu tempo mínimo de uso de pelo menos dois anos.

Mas não é difícil colocar?
Quando veem um coletor pela primeira vez, muitas de nós já conclui: deve ser difícil colocar. Mas acredite: não é. Há mulheres que tem mais facilidade, é verdade, mas outras relatam que após dois ou três ciclos já estão completamente adaptadas ao uso. Trata-se de prática e de auto-conhecimento. Para colocar, cada uma encontra a posição que se sente mais confortável, inserindo-o dobrado na vagina. Depois de encaixado, ele fica em posição mais baixa que um absorvente interno, o que facilita a retirada.
Depois de 6 a 12 horas, é só retirar, lavar e usar novamente. Mesmo mulheres com muito fluxo podem usar, bastando aumentar a frequência de esvaziamento. Entre um ciclo e outro, recomenda-se ferver por 5 minutos para esterilizar. Segundo a Ginecologista e Obstetra Dra. Camila Escudeiro, o coletor é uma excelente opção desde que seja feita a higienização correta do produto: “Doenças como a síndrome do choque tóxico, que pode acontecer pelo uso prolongado de absorvente interno, por exemplo, não são vistas em mulheres que usam o coletor, já que ele é produzido com material antibacteriano, o que reduz o risco de infecção”, explica. Então é isso: usou, lavou, esterilizou. Pronto. gora é só guardar na bolsa e esperar o próximo ciclo. Simples assim.

Empoderamento feminino e o uso do coletor menstrual

Relato da Gabriele Miranda, Obstetriz

Quero compartilhar com vocês minha trajetória de empoderamento pessoal, não como profissional da saúde, mas como uma mulher que está em processo de desconstrução de padrões e que fez as pazes com o próprio corpo. Foram 8 anos de pílula anticoncepcional e 9 meses usando DIU até aceitar meu corpo, meu funcionamento e meu sangue.

Menstruei com 10 / 11 anos, não lembro exatamente a data, sei que estava na 5ª série do ensino fundamental, mas lembro com detalhes de como foi aquele dia e a minha alegria (finalmente eu era igual minha mãe e minhas tias). Sim, eu fiquei feliz, muito! Mas logo isso passou. Lembro de ouvir o tempo inteiro como menstruar era chato, nos privava de fazer algumas atividades (como ir à praia e à piscina), tinha a temida cólica e o desconforto de usar absorvente, principalmente nos dias de calor. Eu continuava achando legal menstruar, mas achava em silêncio. Quando conversava com as pessoas, dizia que era chato, pra não ser A Estranha.

Aos 15 anos iniciei a vida sexual. Graças a minha mãe, e sempre a admirarei por isso, o assunto sexo sempre teve espaço aberto na minha casa. Eu sempre soube da importância da camisinha e pra mim esse era o melhor método anticoncepcional. Até que fui ao ginecologista pra fazer o primeiro papanicolau, e ai ele me passou a pílula. Assim mesmo, sem me explicar os efeitos colaterais, sem perguntar se eu queria, sem me explicar como funcionava. Ele só falou “Vai regular seu ciclo, vai diminuir o fluxo, não vai ter acne e você não vai engravidar”. Acatei. Tinha opção?

Oito anos depois, comecei a sentir todos os efeitos colaterais possíveis, mas não atentei que poderiam ser efeitos da pílula, achei que era qualquer coisa, menos isso. Sentia muito enjoo (as vezes acordava vomitando), muita dor de cabeça, inchaço, principalmente nas pernas e pés. Deixei passar. Em outubro de 2014 fiz um curso de imersão com a proposta de auto conhecimento e foi ai que entrei em contato pela primeira vez com a essência de feminino, com o poder de aceitar nosso corpo, porque ele não tem defeito algum, nós que somos ensinadas desde muito cedo a achar problemas em tudo o que diz respeito ao corpo feminino. Pronto, um mundo se abriu diante de mim. Um mundo de possibilidades, de natureza, de LIBERDADE! Mas e ai, como se desfazer da errônea sensação de segurança que a pílula trás?

Em 2015 descobri um nódulo na mama, e ai a pílula já não era mais uma opção para mim ( o estrógeno que contém na pílula poderia aumentar o nódulo). Enfim, decidi colocar o DIU. Escolhi pelo DIU mirena, que contém hormônio. É impressionante como, mesmo com conhecimento sobre a área, nós não conseguimos nos desfazer facilmente da ideia de não ter hormônios exógenos no corpo. Como se os hormônios que nós produzimos naturalmente não existissem, ou não fossem necessários para fazer nosso corpo funcionar.

Coloquei o DIU em fevereiro, um pouco deslumbrada com a ideia de não menstruar por 5 anos, mas um pouco preocupada em como seria isso. Achei que seria tranquilo, estava tudo resolvido, tudo certo. Mas não! Eu menstruei, e menstruei muito, sem parar. Foram 120 dias menstruando, sem parar. Muita cólica, muito desconforto, MUUUUITO mal humor, nada de lubrificação, nada de libido, somente sangue. Lembro de ligar pra minha médica e dizer “Camila, eu vou ficar maluca, eu não aguento mais menstruar. Eu sei onde tá o fiozinho, eu vou puxar!!!!” Ela com toda sua calma e paciência, me disse pra ir até seu consultório e me receitou um remédio para parar a menstruação. Parou, por 4 dias e voltou com tudo. 9 meses depois e tinha o mesmo cenário, parava por 4 a 7 dias, e menstruava o resto do mês. A Camila falou “Gabi, já passou do normal, acho prudente tirarmos o DIU”. E agora? E o medo, as dúvidas, a insegurança? Vou deixar meu corpo assim, sem colocar nada, nenhum hormônio, nada??
Conversei comigo mesma: De onde vem a necessidade de usar hormônios? Por que não me libertar da indústria farmacêutica, das pessoas que falam que ser mulher é ruim porque sangramos, porque engravidamos, porque parimos, porque sentimos dores. Quando eu perdi aquela alegria que tive com 10 anos ao ver meu sangue na calcinha pela primeira vez?

02 de outubro fiz aniversário e meu presente esse ano foi a liberdade, em vários aspectos, incluindo, liberdade em ser mulher. Aceitei meu corpo, o jeito como ele funciona e aceitei minha personalidade.

Minha primeira menstruação pós DIU chegou e eu resolvi usar o coletor menstrual. Nunca gostei muito de absorvente, além de incomodo usar e o cheiro dele, também não facilita a passagem de ar, o que pode trazer prejuízos para a flora vaginal. Quando vi meu sangue no copo pela primeira vez todas aquelas sensações de gostar de menstruar voltaram com força. Me enchi de orgulho em ver a produção do corpo. Eu sangro! Sangue é vida. Sangrar é muito bom! Agora eu tenho um sangue real, de um ciclo menstrual completo e natural. Eu tenho lubrificação, eu tenho libido. Eu tenho um útero livre.

O que eu quero com esse texto? Quero te contar como é bom ser mulher! Que você não precisa de um monte de hormônio que pode trazer um monte de efeito colateral que ninguém te conta. Que você pode querer transar sim, e muito! Anticoncepcionais abaixam nossa libido! Quero também te dizer que descobrir seu corpo é legal DEMAIS!!! Faça as pazes com a sua vagina, coloque seus dedos nela, descubra as sensações que isso trás! Usar o coletor menstrual te proporciona conhecer seu próprio corpo, sem frescura, sem problemas. É muito injusto os meninos terem total liberdade para se tocar e nós, mulheres, desde pequenas não poder ao menos sentar com as pernas abertas. Abra-se, liberte-se, toque-se, descubra-se, esse com certeza é o melhor presente que você pode dar à você mesma. Quero propor um brinde a nós, mulheres. Enfim, tim-tim!

Pin It on Pinterest

Share This