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Como a Enfermeira Obstetra e a Obstetriz podem ter autonomia?

por | 28/06/2019

Em torno de 830 mil mulheres morrem por dia no mundo devido à causas decorrentes de gestação e parto. O objetivo da agenda da Organização Mundial de Saúde é que até 2030 esse número chegue a 70 mulheres por 100 mil nascidos vivos. Para apoiar essa meta, existem alguns programas sendo lançados como o Nursing Now, do qual o Brasil faz parte. O fato é que nós, Enfermeiras Obstetras e Obstetrizes, representamos mais de 50% da força de trabalho na área de saúde!! Somos uma enorme potência que pode ajudar a mudar a realidade materna!!

Por isso, não à toa, a OMS declarou que 2020 será o ano da enfermagem e das parteiras, com apoio da Associação Panamericana de Saúde, do Ministério da Saúde e do Conselho de Enfermagem. Esse movimento mundial é o momento ideal para que coloquemos a nossa força e os nossos saberes à serviço do apoio, do acolhimento e do empoderamento das mulheres na gestação, no parto e no cuidado com seus filhos.

Infelizmente no Brasil ainda vemos muitas enfermeiras obstétricas atuando fora da área que se prepararam para estar ou, se atuam na área, não podem vivenciar a sua verdade, pois não podem ou não conseguem se colocar por falta de autonomia profissional.

É como se atuássemos sempre na retaguarda esperando a autorização e o respaldo de outros profissionais para podermos agir. Por vezes, somos nós mesmas quem colocamos essas limitações “eu sou SÓ enfermeira, eu não posso”: quantas vezes não usamos essa desculpa? Assim, acabamos não exercendo toda a autonomia que temos, não tomamos consciência do papel fundamental que exercemos não somente dentro da instituição, mas dentro da sociedade como um todo!

Como colocar o nosso servir no mundo

O nosso papel é partejar, é estar ao lado de mulheres que estão parindo, para isso estudamos, para isso investimos em especialização, certo? Por isso, antes de tudo, é preciso ter confiança de que o seu trabalho faz total diferença! Além do conhecimento técnico e cientifico, acreditamos ser de suma importância trabalhar o autoconhecimento: nos conhecer, trabalhar os nossos medos e traumas para poder cuidar de outras mulheres de forma íntegra, inteira. Por exemplo: como eu posso incentivar uma mulher a ter um parto normal se eu mesma não tenho vontade de vivenciar um parto? O que eu prego é uma verdade para mim? E se não é, por quê isso acontece? Tenho medo? Que medos são esses? Precisamos olhar para essas questões com honestidade e amor.

Toda enfermeira é uma médica frustrada

Quem nunca ouviu isso? Esse é o tipo de mito que desvaloriza a nossa profissão e o nosso saber. Precisamos ter clareza das nossas escolhas e lembrar que a medicina e a Enfermagem andam lado a lado, cada uma com a sua parte: uma cuida, a outra cura. Apenas unidas poderemos olhar melhor para a mulher que está sendo cuidada, sem briga de ego: cada um dentro da sua atuação fazendo o melhor possível para o bem estar daquela família.

Não precisamos atuar na submissão e nem na força de contrapor com a medicina, precisamos, sim, ter conhecimento técnico e sororidade com as mulheres que atendemos e com as profissionais que atuam ao nosso lado. Precisamos ser um movimento, um apoio, um impulso para que as mudanças hospitalares aconteçam. Para isso, é imprescindível que conheçamos a lei do exercício profissional, pois ela é respaldo

E claro, precisamos ter consciência de que para mudar algo, temos que contar com a mobilização das mulheres pois são elas a força que move as mudanças. Sempre que possível, esteja em grupos de apoio, converse, ofereça escuta empática e informações baseadas em evidências científicas, ouça seus medos, se coloque à disposição! Sororidade é a palavra-chave da mudança que queremos: por mais respeito e autonomia à nós, profissionais, e às mulheres que atendemos!!

 

 

Karina Fernandes Trevisan e Thais Rodrigues Bernardo são Enfermeiras Obstetras e sócias da Commadre

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